Aproveitando o post passado sobre o livro de Meditação: A Arte de Voar, vou colocar aqui um pouco de opinião – é, é opinião mesmo, nada assim com profundo embasamento científico…
Tem gente que me pergunta o que é meditação, outros já me perguntaram como fazer… mas a pergunta mais intrigante é: funciona mesmo? E eu penso “funciona o quê??”
Isso porque normalmente não sei o que a pessoa quer que “funcione” com a meditação. Então aqui vou nomear algumas coisas que eu sei que a meditação funciona porque já vivi ou já presenciei em outras pessoas.
Primeiro, no aspecto mais prático, a meditação é um bálsamo. Ou seja, reduz nossos níveis de estresse, de ansiedade, aumenta nossa resistência à dor e aos reveses da vida. Existem vários estudos nessa área atualmente e no que eu vejo no dia-a-dia é que uma pessoa que medita regularmente e com boa intenção – sem “forçar” nada, mais do que tudo pra praticar mesmo – costuma estar mais relaxada e mais tranquila durante o dia para tomar boas decisões, ou decisões que estejam alinhadas ao que a pessoa quer. Como a idéia da meditação é te trazer para consciência, para o presente, então é bem lógico que ela nos leve a uma mente mais objetiva e que tem a capacidade de ver as situações em perspectiva.
Num segundo aspecto, agora mais emocional, a meditação é terapêutica. Seguindo a mesma idéia anterior onde a meditação nos leva à consciência e a reconhecer o que acontece dentro e fora de nós mesmos, logo é de se concluir que uma pessoa que medita acaba “compreendendo” melhor suas emoções (positivas e negativas). Isso faz com que saibamos trabalhar melhor com elas e nos permita liberar bloqueios ou traumas que estavam escondidos porque temos medo de sofrer ao relembrar ou voltar a entrar em contato com essas situações. Ao compreender as emoções, os problemas e travas que estamos passando na vida nos faz sentir-nos mais aliviados e “fazer as pazes” conosco mesmos, nesse sentido digo que a meditação é terapêutica.
Indo mais profundo, num aspecto mais psicológico da coisa, a meditação é autoconhecimento e autodesenvolvimento. Durante as práticas meditativas e durante o estado meditativo que é incentivado a praticarmos durante o dia, estamos mais alertas às nossas atitudes, comportamentos, padrões de conduta e todo tipo de manifestação, assim como as emoções e decisões. E todo esse processo nos leva ao autoconhecimento constante ao longo do tempo. Acredito que todo sistema de meditação tenha uma parte de purificação pessoal, já seja física ou psico-emocional. Digo acredito porque dos sistemas que já pratiquei e que já presenciei todos possuem, mas pode ser que algum esteja focado exclusivamente em técnicas onde a limpeza ou purificação do que não queremos não seja levada em consideração. Enfim, o fato é que se estamos em constante autoconhecimento e nosso sistema de meditação nos convida a praticar afim de limpar as áreas de nossa personalidade que não nos convém, é lógico que produza um desenvolvimento constante também.
Aqui é um ponto onde muita gente “pira o cabeção” e acaba levando essas mudanças a um nível exagerado, quase neurótico – ou talvez definitivamente neurótico… mas isso é assunto para outra oportunidade.
Por último a parte mais mística da meditação: a espiritualidade. As práticas meditativas sempre foram associadas desde a antigüidade às religiões. Temos a meditação associada ao budismo, às religiões hindus, ao islamismo e até ao cristianismo. Claro que cada uma delas têm seu estilo e sistema que dá uma diferença grande entre cada uma, mas basicamente a idéia é a mesma: aproximar-se da “natureza divina”. Talvez os nomes seriam diferentes, podemos chamar de aproximar-nos de Deus, da Natureza Búdica, do Tao, da Essência, do Infinito, do Cosmos, do Espagueti Voador, da Força dos Cavaleiros Jedi… no final das contas sendo brincadeira ou sério, o que estamos buscando é essa conexão com algo que nos faça sentir diferentes, que faça um “clique” dentro da gente e sejamos diferentes, melhores. Pelo menos no caso dos que buscamos a meditação por algum chamado interno.
Nesses casos a meditação produz um certo silêncio interno onde podemos navegar sem ruídos, sem interferências loucas e essa liberdade interna nos permite ver a vida com outros olhos. Olhos que não se apegam a uma única verdade, olhos que podem perceber a vida, o universo, a natureza, as pessoas, tudo acontecendo de maneira perfeita, mudando e mutando constantemente. E nessa sinfonia da existência o silêncio interno que observa a mudança. É nesse espaço que se pode dar um salto e chegar a eliminar, inclusive, esse próprio observador e romper com que o alguns sistemas de meditação chamam de “relação sujeito-objeto”. Quando conseguimos isso, nem que seja por alguns instantes, entramos num espaço de total paz, silêncio e liberdade. Esses instantes nos alimentam de tal forma que durante todo o dia estamos nesse estado de conexão que tanto buscamos.
É daí que vem a relação tão comum entre a meditação e a espiritualidade.
Mas a meditação não está associada a nenhuma crença, nenhuma filosofia ou religião. Não é necessário nenhum dogma ou prévia associação de qualquer tipo. E é por isso que a prática de uma meditação constante, já seja do tipo que sua tradição/religião incentivar, sempre vai trazer benefícios para você.
O post ficou maior do que eu pretendia, mas a idéia é essa. Pratique! 🙂
Até mais!
Sayuro